DVD com 62 Bíblias, 4.500 Estudos (inclusive 288 arquivos sobre G12, Células, Encontro, Pré e Pós...), Livros Cristãos, 800 Cursos, 6.466 Hinos, 1.703 Pregações e Ilustrações, Mapas e Figuras Bíblicas, Sistema de Controle de Membros e para Data Show...
Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará...
Clique em www.nbz.com.br/abibliadoreino

Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará...
São mais de 51 mil arquivos por somente R$ 159,00. Também curso de Teologia pela 100% pela Internet.
Completamente GRÁTIS: Sistema de Controle de Membros e Apresentação no Data Show de Versículos, Hinos, Pregações, Avisos, Power Point... (libera seu computador para trabalhar enquanto projeta).

Voltar ao Menu Geral da Análise da Igreja em Células, Grupo dos 12, G12, Grupo Familiar, Grupos Pequenos, Encontro

G-12 UMA TENTATIVA DE ANÁLISES - IGREJA PRESBITERIANA
INTRODUÇÃO


Os movimentos históricos, em sua maioria e em qual nível, apareceram alimentados pela situação  vigente que contrariava os anseios da coletividade e em franca decadência, perpetuando-se graças ao autoritarismo ou outros instrumentos de intimidação. A história geral está repleta de exemplos e podemos, claramente, citar a Reforma Protestante que sinalizava para a decadência da igreja eivada de interesses estranhos ao evangelho de Cristo e sustentada por interesses políticos escusos. Cremos que os movimentos religiosos, em pequena ou larga escala, ganham corpo como vozes de insatisfação
contra o cristianismo vigente incluindo a fragilidade das convicções doutrinárias e a distância entre a proclamação da verdade teórica e da praticidade da mensagem.
Somos presbiterianos, calvinistas e bíblicos. Fazemos coro com aqueles que olham com reserva para as novidades surgidas principalmente entre os neopentecostais que têm deturpado os ensinados bíblicos reformados com a inclusão da filosofia humanista da confissão positiva, a rarefação da soberania de Deus com as orações de decreto, a ousadia da teologia da prosperidade que institui o comércio da fé, a afronta da doutrina graça com o estabelecimento do mérito humano através de rituais e correntes, a retirada do sermão como centralidade do culto transformando-o num programa de entretenimento, a quebra contínua de maldições de quem já recebeu a graça da cruz, a supremacia dos sentidos e das emoções em detrimento da ética cristã, a ausência de boa hermenêutica na leitura e entendimento do sagrado livro entre outras questões.
Contudo, temos aprendido a ler os movimentos denominacionais, também, como uma crítica à vivência do evangelho e uma profunda insatisfação no seio da igreja do Senhor. Além de sempre apontar os perigos que as novidades trazem no seu arcabouço de ensinamentos, estamos nos permitindo fazer uma análise crítica do momento em que nossa denominação vive. E é neste espírito que fizemos e fazemos uma releitura dos modelos de discipulado ora em voga (como o "G-5" do Canadá e os Grupos Familiares da Coréia), especialmente ao modelo de Igreja em Célula chamado também de "G-12".
Reconhecemos a necessidade de um avivamento genuíno no meio de nossa denominação para reacender a chama vocacional de pastores e líderes desestimulados e decepcionados vivendo uma mesmice espiritual agonizante; um avivamento genuíno da Palavra que traga o poder da cruz sobre a vida de pecado dos crentes cuja ética cotidiana se mistura com a normalidade social; um avivamento que restaure a vida das famílias e dos casais; um avivamento que coloque a paixão por evangelização tão rarefeita em nossas comunidades; um avivamento que nos predisponha a estudar seriamente as doutrinas reformadas deixando a bíblia aberta; um avivamento que coloque homens santos nos púlpitos pregando o escândalo da cruz e que confronte a homossexualidade já presente no altar e com freqüência assustadora diante da mesa do Senhor; um avivamento que contradiga com a vida todas as doutrinas do evangelho de liquidação já presente no comércio da fé. Clamamos já há muito por este avivamento e temos aprendido a ler na história dos movimentos como oportunidade de fazer uma reflexão e tomar atitudes diante das conjunturas históricas. Entendemos que é muito pouco nos limitarmos a apontar a fragilidade doutrinária do "G-12" ; precisamos apresentar respostas mais do que teóricas e/ou retóricas para o anseio espiritual do nosso povo. Já é tempo de sair do lugar cômodo de ensinar apenas "aquilo que não é"; faz-se mister que digamos o que é, como fazer e fazer. Clamamos para que a nossa mensagem ultrapasse a boa hermenêutica para nos fazer modelo para o rebanho em piedade, em amor genuíno por Deus e uns pelos outros. Esta inquietação que atinge centenas de pastores presbiterianos e calvinistas em todo o Brasil é que está nos possibilitando fazer uma leitura do "G-12" para além de suas deficiências e nos perguntar porque não seria possível fazer o nosso G-12, o nosso Encontro, a nossa Escola de Líderes presbiteriana, calvinista e reformada. Este documento representa o pedido para que haja liberdade para quem quer sonhar com possibilidades dentro do prumo da Palavra, com responsabilidade diante de Deus e com liberdade de consciência.
No preâmbulo deste documento faz-se necessário, para o bem da verdade, dizer que muitos pronunciamentos escritos têm falhado pelo pouco conhecimento da realidade da visão da Igreja em Célula. Esta visão não se limita ao Encontro, que talvez represente a menor parte de todo o projeto. O cerne da visão estriba-se no discipulado e na Escola de Líderes, o que será tratado adiante.
Finalmente, como conclusão deste prefácio, reafirmamos nossa disposição de unidade com respeito, nossa crença nas doutrinas reformadas e nossa submissão à quaisquer determinações de nossos concílios desde que coerentes com a Palavra de Deus que, naturalmente, não afrontarão nossas consciências. 
Fazemos, a seguir, algumas considerações sobre a proposta da Comissão Especial, nomeada por este egrégio Concílio para analisar o Movimento G-12 ou o Encontro.

PARTE I: Avaliação Doutrinária

BÍBLIA E EXPERIÊNCIA


É necessário bastante cautela quando se pretende colocar ou em oposição ou em hierarquia a bíblia e a experiência. Cremos, preliminarmente, que nenhuma experiência deve se tornar norma de fé ou dogma em qualquer comunidade reformada. A experiência é pessoal, interpretada pelos sentidos e intransferível. Cremos, ainda, que qualquer experiência necessita, obrigatoriamente, do crivo das Escrituras e devem ser rejeitadas aquelas que contrariem a sua exposição genuína. Devem ser rejeitadas com firmeza, ainda, as experiências que pretendem acrescentar conteúdo às doutrinas bíblicas.
Não obstante, quando se fala em bíblia e experiência, forçosamente nos leva à discussão a respeito da natureza do homem. O que é o homem? A fragmentação do ser humano deve ser evitada sob pena de estarmos questionando a Deus com relação às diferentes estâncias que compõem a criatura. A tricotomia entre fé, razão e experiência ou emoção é prejudicial para a visão bíblica e reformada. A Palavra de Deus reconhece a experiência humana como parte daquilo que ele é; assim a Bíblia relata em quase todas as suas páginas experiências de homens e mulheres com Deus, consigo mesmo, com os outros e com a história. Retirar a experiência de Jacó no Vale de Jaboque é  empobrecer sua história com Deus. Mas, retirar a experiência de qualquer cristão é tratá-lo de forma estranha daquilo que ele é.
É fartamente sabido que a personalidade humana é formada, basicamente, pelas experiências infantis advindas de seu relacionamento com os pais, familiares e mais tarde o mundo. O ser humano, inicialmente, recebe as informações externas a seu respeito; só mais tarde é que terá mais autonomia sobre sua própria experiência e a fase de confrontar as informações que recebeu com aquelas que buscou. A experiência é um percentual considerável na bagagem do ser humano. Quantos cristãos ainda sofrem dificuldades relacionais resultantes de experiências dolorosas que tiveram. A experiência com Deus não pode ser colocada como estranha mas como parte normal do relacionamento do homem com Deus. Sabemos que a fé é um Dom de Deus; independente de mérito humano, seus sentimentos ou suas experiências. Mas a fé genuína promove no relacionamento com Deus experiências diuturnas e poderiam ser vistas como conseqüências ou ratificação como se depreende, por exemplo, de Hebreus 11:6 "De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam". É ou não experimental a parte final do texto?
A Palavra não descarta a experiência, de fato a experiência precisa ser considerada, se não vejamos os seguintes exemplos da Bíblia: Jacó, Gn. 32;22-32, Gideão,Jz. 6:11-24, Jó. 42:1-5, Is. 6:1-8, Os. 6:3, Mt. 22:29, Jo. 9, At. 3:1-16, 9. 1-19.

A literatura reformada é pródiga no relato de experiências com Deus e é necessário cautela ao ensinar com firmeza a autoridade das Escrituras em todo assunto de fé para não reprimir a experiência que é natural em todo relacionamento com o Senhor.

A Igreja Reformada, que sempre primou por uma investigação acurada da realidade, não nega argumentos da ciência como a epistemologia. Nesta área, devemos fazer as seguintes perguntas: "Como conhecemos alguma coisa? Quando é justificada a alegação de alguém sabe? É possível o conhecimento indubitável (certo) acerca de qualquer coisa? Para respondermos a pergunta "como podemos conhecer"? devemos analisar as nossas fontes de conhecimento ou a origem de nossas crenças. As seguintes fontes devem ser analisadas: o testemunho de outras pessoas, a intuição (usada aqui no sentido de instintos, sentimentos e desejos), o raciocínio e a experiência sensória. Estas fontes levam a cinco lógicas ou critérios para validar as crenças. São elas a fé ou o autoritarismo, o subjetivismo, o racionalismo, o empirismo e o pragmatismo (Luiz Antônio Ferraz no texto "A atualidade dos dons espirituais"). A experiência, assim, faz parte do conhecimento. 

GRAÇA NA SALVAÇÃO

Cremos cristalinamente que a salvação é ato derivado exclusivamente da graça divina, num processo soberano independente de qualquer mérito que, em qualquer época, a criatura tenha ou viesse a ter. Não obstante, é necessário enfatizar sempre que a eleição soberana de Deus não exclui a responsabilidade do homem sob pena de estarmos induzindo à crença ou no fatalismo ou no ocasionalismo. Nosso Deus soberano escreve a história com homens responsáveis. É necessário enfatizar a responsabilidade do homem para não tornar a graça num cartão de crédito enviado pelo correio, sem qualquer ônus para o cliente e que possa ser utilizado sem limite de crédito e o pagamento de qualquer fatura estará sempre pago independente de boa ou má utilização do crédito. Como diz com propriedade Júlio Andrade Ferreira no seu livro "Caminhos Inescrutáveis", o homem é um ser responsável tal qual o aviador que está absolutamente preso ao avião; não obstante, ao obedecer às leis que regem o vôo, é o mais livre dos agentes, guiando o aparelho na amplidão. A bíblia desfila a escolha de Deus elegendo indivíduos responsáveis: a) Caso de Jeremias (Jeremias 1);b) Caso de Paulo: Gálatas 1:15-16; Gálatas 2:8; Atos 9:15,16; II Coríntios 11:16-32; c) Heróis da Fé (Hebreus 11); e d) eleição responsável da igreja: Ef. 1:4,5. 

GRAÇA NA SANTIFICAÇÃO

É necessário que muitos calvinistas reformulem seu posicionamento com relação à santificação à luz da Confissão de Fé. Tem-se ressaltado a permanência da natureza pecaminosa como uma sina definitiva. Não é este o ensino esbosado pela Confissão de Fé em seu capítulo XIII, de onde transcrevemos os seguintes trechos:
"I. Os que são eficazmente chamados e regenerados, tendo criado em si um novo coração e um novo espírito, são além disso santificados real e pessoalmente, pela virtude da morte e ressurreição de Cristo, pela sua Palavra e pelo seu Espírito, que neles habita; o domínio do corpo do pecado é neles todo destruído, as suas várias concupiscências são mais e mais enfraquecidas e mortificadas, e eles são mais e mais vivificados e fortalecidos em todas as graças salvadoras, para a prática da verdadeira santidade, sem a qual ninguém verá a Deus."

Desta declaração compreende-se que: a) a virtude da morte e ressurreição de Cristo, a Palavra e o Espírito Santo são os agentes da santificação, logo quando se diz no Encontro sobre a possibilidade da santificação indo à cruz do Calvário não há qualquer distorção; b)o domínio do corpo do pecado é todo destruído. Quando se fala no Encontro que há uma mudança de referencial quanto ao pecado, é uma mensagem reformada. O pecado não terá domínio sobre nós; temos condição de lutar contra ele.
Enquanto no pecado, ele nos escravizava; c) a santidade não é uma opção já que sem ela ninguém verá ao Senhor.

No mesmo capítulo, a Confissão de Fé ainda diz:
"II e III.Esta santificação é no homem todo, porém imperfeita nesta vida; ainda persistem em todas as partes dele restos de corrupção, e daí nasce uma guerra contínua e irreconciliável - a carne lutando contra o espírito e o espírito contra a carne. Nesta guerra, embora prevaleçam por algum tempo as corrupções que ficam, contudo, pelo contínuo socorro da eficácia do santificador Espírito de Cristo, a parte regenerada do homem novo vence, e assim os santos crescem em graça, aperfeiçoando em santidade no temor de Deus".
Desta parte, podemos concluir que: a) a santificação é imperfeita nesta vida; logo, não existe santificação absoluta; b) existe uma guerra contínua entre a carne e o espírito, guerra permanente e irreconciliável; c) no processo de santificação a parte regenerada do homem novo vence. Logo, quando se ensina no Encontro a possibilidade de viver em santidade é real; é ensinamento bíblico e reformado.
É estranho que muitos enfatizem apenas a guerra irreconciliável entre a carne e o espírito, ensinando uma vida de "gangorra espiritual". Assim, indiretamente, há um favorecimento de uma vida rasteira como se fosse a normalidade bíblica. Longe de estabelecermos o ensino errôneo da santificação absoluta, clamamos por um ensino que devolva à igreja do Senhor uma vida mínima de santidade. Se formos humildes e sensíveis o suficiente para encaramos a ética da igreja atual, vamos ficar assustados. Estamos assustados e inconformados com a situação de casais, incluindo líderes, cujo relacionamento é do mesmo nível e às vezes pior do que nas casas dos ímpios; famílias esfaceladas;
homossexualismo no púlpito; mentiras; invejas; hipocrisia; desonestidade; a juventude que tem institucionalizado cada vez mais o "ficar" e o motel como comportamento corrente e uma lista interminável de males. Cremos que a conversão genuína insere uma luta constante contra o pecado. Ao falar enfaticamente sobre santidade, temos visto casais, famílias e pessoas restauradas. É o nosso clamor!

O ARREPENDIMENTO COMO PENITÊNCIA DOLOROSA


O arrependimento é um processo. É assim que a Escritura ensina que aquele que confessa o pecado e deixa, alcançará misericórdia". Quando se insere a questão da dor, do reconhecimento além do retórico, não é nenhuma invencionice do modelo "G-12". Basta olhar para as expressões utilizadas na Confissão de Fé sobre o arrependimento:
" Movido pelo reconhecimento e sentimento, não só do perigo, mas também da impureza e odiosidade do pecado como contrários à santa natureza e justa lei de Deus; aprendendo a misericórdia divina manifestada em Cristo aos que são penitentes, o pecador pelo arrependimento, de tal maneira sente e aborrece os seus pecados que, deixando-os, se volta para Deus, tencionando e procurando andar com ele em todos os caminhos dos seus mandamentos" (capítulo XV, item "II").
Deste trecho, podemos ver o seguinte:
a) o cristão é movido pelo reconhecimento e sentimento. Este sentimento não pode ser de alegria, é de tristeza, é de dor;
b) pelo arrependimento, o pecador sente e aborrece os seus pecados. Novamente, fala de sentimento.Assim, é reformado esperar manifestação de dor; aborrecer os pecados que cometemos contra o nosso amado Senhor, só pode ser um momento de dor.
"Ainda que não devemos confiar no arrependimento como sendo de algum modo uma satisfação pelo pecado ou em qualquer sentido a causa do perdão dele, o que é ato da livre graça de Deus em Cristo, contudo, ele é de tal modo necessário aos pecadores, que sem ele ninguém poderá esperar o perdão" (capítulo XV, item III).
Neste período vê-se que:
a) o processo de arrependimento não é um fim nele mesmo, é ato livre da graça de Deus em Cristo;
b) entretanto, ele é essencial para que se processe o perdão. Em verdade, o que a Confissão de Fé quer demonstrar e ensinar, com muita propriedade, é o arrependimento verdadeiro e responsável. Muitos cristãos são ensinados a pedir perdão generalizadamente pelos seus pecados num ritual de programa de culto e jamais se livram dos mesmos porque o processo de arrependimento não passa de um ponto agendado na reunião. Cremos na necessidade de confrontação do crente com seus pecados, dando-lhe a verdadeira oportunidade de receber a graça que perdoa e faz abominar o pecado. Ainda no capítulo XV, em seus pontos V e VI, a Confissão de Fé assevera: "Os homens não devem se contentar com um arrependimento geral, mas é dever de todos procurar arrepender-se particularmente de cada um dos seus pecados. Como todo o homem é obrigado a fazer a Deus confissão particular de suas faltas, pedindo-lhe o perdão delas, fazendo o que, achará misericórdia, se deixar os seus pecados, assim também aquele que escandaliza a seu irmão ou a Igreja de Cristo, deve estar pronto, por uma confissão particular ou pública do seu pecado e do pesar que por ele sente, a declarar o seu arrependimento aos que estão ofendidos; isto feito, estes devem reconciliar-se com ele e recebê-lo em amor".
Esta última referência está longe de ser uma prática rarefeita de pedir perdão apenas intelectualmente ou como parte de um ritual que não envolve as emoções do indivíduo. Novamente, refere-se a dor na expressão "do pesar que por ele sente". Assim, chorar os pecados não é nenhuma novidade no pensamento reformado e nos relatos bíblicos (Esdras 10:1,6; Ne 1:4-11; Salmo 31:10; 32:3-11; 51:8-12; Isaías 6:5; Jeremias 2:12-17; Mateus 26:75; II Coríntios 7:9,10). 

UMA RELIGIOSIDADE LEGALISTA E MARCADA PELO MEDO


Rejeitamos com firmeza a Confissão Positiva, modelo filosófico e religioso que teve seu incremento no meio evangélico a partir da publicação do livro "O Poder do Pensamento Positivo" do pastor americano Norman Vicent Peale. Este modelo é danoso para a doutrina reformada porque substitui a graça de Deus por supostos méritos que haveriam no ser humano e serve aos ensinamentos da Nova Era em descobrir parte da deidade dentro do homem que ressurge como cúmplice do próprio Deus nas suas decisões. Não podemos, entretanto, sair à caça de Confissão Positiva nas declarações de cristãos genuínos que repetem, proclamando, as promessas e verdades contidas no sagrado livro. A repetição é um instrumento pedagógico eficaz de estabelecer conhecimento. Não é sem causa que Moisés instrui o povo de Deus em Deuteronômio 6 da seguinte forma: "Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcurás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-se, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas". É evidente no texto a ênfase da repetição e a utilização de vários instrumentos para firmar a lei do Senhor no coração dos filhos.
Na Escola Dominical, nossas crianças repetem versículos bíblicos para que possam gravar na mente e coração; ouvem, repetidamente, as histórias da Bíblia e está longe de ser Confissão Positiva ou lavagem cerebral. Precisamos redescobrir o evangelho da proclamação da Palavra na relação interpessoal como sugere Paulo em Efésios 5:19: "falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor..." Talvez possa parecer esquisito para alguns as conversas recheadas do falar bíblico porque nos acostumamos aos diálogos comuns na nossa relação eclesiológica ou na nossa agenda de comunhão cristã onde parece só haver lugar para diversos assuntos com ausência de ligação com o pensar de Deus. Devemos rejeitar a Confissão Positiva mas redescobrir o valor de recolocar a Palavra de Deus no seu devido lugar para contrapor ao mar de idéias equivocadas que assaltam o povo de Deus.
Rejeitamos as quebras de maldições permanentes e contínuas na vida de quem está debaixo da cruz do Calvário. Cremos que Jesus se fez maldição por nós e rompeu as cadeias que nos prendiam quando sua graça veio sobre nós. Nada obstante, é salutar abrir os olhos para os seguintes fatos:

1.O projeto de Encontro é, fundamentalmente, para novos convertidos que vêm de uma sociedade cada vez mais associada declaradamente com um projeto maligno; 

2.Nos primórdios do cristianismo não é raro encontrar-se relato de que na Profissão de Fé os neófitos rejeitavam a todas obras feitas no paganismo; 

3.Devemos encarar a realidade de pessoas inconversas nas comunidades cristãs, sofrendo sim ataques do inimigo e muitos, por inteiro despreparo, limitam-se a encaminhá-las para igrejas pentecostais assumindo que não temos remédio para este mal; 

4.Vivemos uma sociedade brasileira que possui um sincretismo religioso acentuado e as pessoas que vêm à comunidade evangélica, não raras vezes, experimentaram a prática de ocultismo. 

Assim, é salutar fazer uma releitura de nosso posicionamento quanto aos extremos verificados na disseminação da Guerra Espiritual. Não podemos permanecer, apenas condenando o exagero e, uma vez mais, na prática de ensinar "aquilo que não é, que não acontece ou não pode acontecer" enquanto muitas pessoas em nossas comunidades relatam opressões que estão sofrendo em vários níveis.
Cremos que a posição bíblica e reformada deve se pautar pela postura que:
a. não insista em enfatizar a obra e satanás mas um viver santo que é o melhor antídoto contra suas investidas;  

b. não feche os olhos às necessidades das pessoas que, egressas do sincretismo religioso
brasileiro, precisam de Deus, de orientação e de libertação; 

c. que isto de dê de forma natural sem acompanhar a linha neopentecostal que transforma qualquer reunião em sessão de exorcismo; 

d. que proclamemos - todos nós - com a vida de nossas comunidades de que "se o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres". 

Quanto à cura interior, não podemos perder de vista que: 
a. o ser humano é supradeterminado: primeiramente, pela ação soberana de Deus; depois, quando nasce, ele é um paciente das ações daqueles que dele cuida, ensina e educa; 

b. na fase infantil, as experiências incorporam-se à formação da personalidade do indivíduo que não possui quase nenhum mecanismo de defesa a não ser aqueles automáticos; 

c. como produto social sofremos e incorporamos as experiências positivas e negativas, em graus diferentes e com conseqüências diferentes por sermos seres únicos; 

d. o processo de salvação não pretende a despersonalização porque apagar a história pregressa do indivíduo equivaleria a criar outro, um autômato desmemoriado. O Senhor nos encontra com a nossa história, nossas experiências, nossos traumas e dificuldades; 

e. a salvação, como já foi esbosado neste texto, não elimina a natureza pecaminosa que deve ser trabalhada no processo de santificação; 

f. encobrir as dificuldades emocionais e existenciais do ser humano é desconhecer o homem e trabalhar com apenas seres hipotéticos; 

g. no processo de vida cristã, então, é necessário que o Espírito de Deus vá trabalhando em nós reformulando e curando nossos processos traumáticos e é isto que chamamos de cura interior; 

h. no encontro, que é um primeiro discipulado, não se pretende fazer terapia relâmpago; se pretende tocar em necessidades individuais apresentando a esperança de que Jesus está pronto a caminhar conosco nos dramas internos. Iras, ódio, mágoas, desilusão e uma série de processos dolorosos podem encontrar a graça de Deus já no encontro, numa reunião, num retiro, numa pregação, no aconselhamento, etc.; 

i. cremos numa graça que cura o ser humano em seus compartimentos mais íntimos; 

j. desconhecemos e desestimulamos a qualquer pessoa, a tentar induzir alguma dinâmica de regressão. Não há no manual do encontro esta terminologia, "regressão", e nenhuma sugestão da prática da mesma. Seria regressão, se o procedimento aplicado começasse da idade atual do indivíduo, e voltasse até a infância, e isto não acontece. Podemos afirmar que não ocorre aplicação da técnica de regressão na ministração de cura interior. Esta técnica só é possível, ser aplicada individualmente, e não coletivamente. 

O que ocorre no encontro é a aplicação de um procedimento para levar a pessoa a se localizar no tempo e espaço para que seja possível de maneira consciente, através da ação do Espírito de Deus, detectar fatores que não foram tratados e pecados não confessados no decurso da sua história. 

k. entendemos não ser necessário sequer mencionar estágios e problemas específicos; durante a ministração, podem e devem ser apresentados os dramas humanos e, o que é mais importante, o Deus que se insere nos dramas para compartilhar a cura; 

l. se alguém estar fazendo de modo negativo, não podemos nos furtar da possibilidade de levar cura às emoções das pessoas numa sociedade de famílias esfaceladas, de competitividade extrema, desigual e injusta; 

m. denunciamos, também, a facilidade com que pastores indicam tratamento psicológico para crentes que podem ser abençoados pela cruz; não podemos nos afastar da realidade neotestamentária que apresenta a igreja como comunidade terapêutica, cujo maior instrumento é o amor. 

Queremos pontuar, ainda, sobre a insistente denúncia de lavagem cerebral que haveria nos encontros. Inicialmente, o termo está literalmente mal empregado. Lavagem cerebral é processo longo, perseguido minuciosamente por conhecimento de detalhes individuais procurando enfraquecer a resistência moral. Ao fazer tal comparação, querem os desavisados se referir a repetições de verdades durante o encontro. Ora, estranhamos o fato de que repetir verdades bíblicas seja danoso para as emoções de quem quer que seja. Estranhamos que os desavisados nunca fizeram estardalhaço com os crentes
viciados em novelas e programas de televisão que, insistentemente, veiculam idéias éticas de comportamento que têm assolado a Igreja de Deus. Estranhamos o silêncio dos desavisados com uma gama imensa de jovens evangélicos adeptos do "rock", cujos ídolos são personagens desprovidos das melhores virtudes e cujos ensinamentos tem minado a ética cristã e instaurado, muitas vezes, a rebeldia e a libertinagem. Estranhamos o silêncio quando a mídia e os costumes sociais engendram na juventude evangélica o "ficar", que é uma forma disfarçada de fornicação e sufocam a nossa proclamação contrária ao sexo antes do casamento. É uma forma muito mais perniciosa de cauterizar
a consciência de nosso povo. Estranhamos o silêncio quanto a instrumentos de contra-ataque aos instrumentos que institucionalizam mensagens subliminares na mente do povo de Deus. Calvino, ao se referir a satanás diz que o seu ataque preferencialmente é na mente e é de se estranhar que se levante a suspeita de lavagem cerebral num retiro que queira saturar a mente de verdades da Palavra.
É necessário o cuidado de definir o que seja uma religiosidade legalista para que o resultado não seja o de incentivar a vida cristã rasteira, pálida e anêmica. Uma vez mais vemos que a expressão está muito mal empregada para a visão "G-12" porque a vivência do evangelho pelos irmãos de Manaus, por exemplo, é da liberdade. Cristãos legalistas confundem cristianismo e cultura; do grupo de irmãos referido encontra-se pessoas envolvidas com as mais diversas tarefas sociais, incluindo cargos políticos de relevância na vida do Estado do Amazonas. Cristãos legalistas oprimem outros com usos e costumes como se doutrinas fossem; não há qualquer vestígio disso nesta visão de discipulado.
Cristãos legalistas se auto-intitulam como os escolhidos exclusivos; não há qualquer vestígio disso na visão, visto que é enfatizado pelos seus líderes o cuidado de cada denominação permanecer em sua diretriz. Portanto, sem necessitar prolongar este pensamento, a expressão religiosidade legalista está muito mal empregada. Em contrapartida, chamamos a atenção para que sejamos firmes em combater todo legalismo religioso que queira policiar a fé mas que tenhamos cuidado de não esquecer de ensinar a liberdade com responsabilidade para que não vire libertinagem.

UMA NOVA PROPOSTA DE IGREJA

Cremos na pertinência bíblica do governo da Igreja Presbiteriana e do seu caráter de parte da igreja verdadeira do Senhor. Cremos, também, que qualquer movimento que se apresentar como substituto de governo deva ser rejeitado. Mas, cremos ainda que a Igreja Presbiteriana do Brasil está em processo de repensar seus métodos de trabalho e, quanto ao discipulado, com uma grande lacuna prática. O que nos move a fazer uma leitora caridosa do "G-12" é a possibilidade de adaptar a estratégia de discipulado não abrindo mão de nosso governo e de nossa doutrina. É necessário, ainda, que reconheçamos nossas limitações denominacionais e não justifiquemos nosso imobilismo pelo simples fato que está sendo feito sempre assim. A própria proposta da Reforma Protestante continha em seu lema uma reforma constante. A melhor estratégia para não sermos invadidos por outros sistemas de ensinamentos é tornarmos relevantes para o nosso povo presbiteriano. O que buscamos é transformar nosso legado doutrinário reformado numa mensagem contextualizada que atinja de fato os brasileiros, vivendo na virada do milênio com inquietações diferentes dos nossos irmãos da idade média. Desprezar o curso da história poderá indicar o perigo de tornarmos irrelevantes e dispensáveis na sociedade em que estamos inseridos. O medo do errado jamais poderá determinar nossa posição de fazer o certo proposto por Deus. O discipulado é uma proposta antiga de Jesus largada, muitas vezes, como simples material de seminário teológico por nossa denominação. É hora de deixar o discurso contra os que estão fazendo de forma equivocada; propomos a liberdade de tentar fazer discipulado com a Bíblia na mão e a doutrina reformada no coração. Cremos que é possível e já estamos fazendo.

OUTRAS DISTORÇÕES

Cremos, assim como a Comissão Especial do Sínodo, que o batismo com o Espírito Santo ocorre simultaneamente na conversão genuína e não como bênção a posteriori.
Entretanto, todos sabemos que os pentecostais em geral estão se referindo aquilo que a Bíblia chama de enchimento do Espírito que, por sinal, é uma ordem. Sabemos classicamente fazer exposição da inadequação do termo "batismo com o Espírito Santo" mas não vemos ênfase como se encher do Espírito Santo, vácuo que tem desgostado um sem número de presbiterianos que acabam em outras comunidades. É hora de encararmos a realidade que, se as verdadeiras evidências desse batismo são a regeneração, a fé em exercício, o poder para o serviço cristão e o fruto do Espírito (como cremos que seja), precisamos desesperadamente pedir o enchimento do Espírito porque a vida cotidiana do nosso povo está pobre destas evidências. Sem analisar cada uma delas, chamamos a atenção para o poder para o serviço cristão e o fruto do Espírito. Propomos que não devamos parar apenas na discussão hermenêutica mas no reconhecimento de que necessitamos buscar o enchimento do Espírito Santo em nossas vidas. Seria isto uma distorção?

próxima parte